quinta-feira, 21 de maio de 2015

Uma Pequena Dose De Esperança

Sou humano. Minha única verdade. Sei que não tenho direito ou motivos pra chorar. Mas eu choro. Minha existência se confunde nas luzes que já se foram.
Ficaram apenas as sombras.

Sente-se meu algoz, a história será longa.

Dizem que só pode falar de amor quem ama. Bom, desde que me conheço sou apenas amor. Pessoas, animais, coisas, lugares, segundos. Mas ainda posso falar de amor se não sei como é ser amado? Faço essa pergunta a anos. Escrevo a menos tempo, mas foi a forma que eu encontrei pra me esquecer desses pensamentos. Sempre que escrevo me aproximo mais deles. Errado.

Beba mais uma dose.

Errado. Sempre fui errado. Acho que aos olhos da sociedade só faltou eu ser canhoto. Eu ia preferir, sempre gostei de ser diferente. Não gosto de Beatles, nem de futebol. Meu pai nunca se conformou. Reclamo de lugares cheios e barulhentos. Meus amigos me deixam. Acho a religião e a interação social falsas. As pessoas se afastam. Minha matéria favorita sempre foi história! Meu passado sempre atormentou meu presente e borrou meu futuro. Só me encaro aos olhos de mais uma dose.

Eu sou falso. Sempre fui. Nunca fui quem eu era, nem pra mim mesmo. Ludibriei, enganei e dissimulei. Máscaras atrás de máscaras. Quem sou eu? Eu sou eu, e também eu e novamente eu. Sou três e sou eu apenas. Quantos mais quero ser?  Quantos eu puder para evitar de ser eu mesmo. Não me olho no espelho. Não sóbrio. Tenho medo de encarar essa verdade de mais de duas décadas, essa depressão sólida destrutiva.

O celular toca e eu me ligo que estou no metrô. Sentado. Rumo a algum lugar que seja menos barulhento. Vazio.

Um amigo me diz que será pai. Assustador. Sinto uma felicidade instantânea. Ele está feliz, a mulher dele está feliz.

Eu estava feliz. Sentir a felicidade dos outros é algo estranho, algo bom.

Ele disse pra que eu me cuidasse. Qualquer coisa era só ligar. Eles tem medo de que eu faça alguma loucura. Desligou.

Aquela noticia ecoou em minha mente até que eu chegasse ao meu destino. Me distraiu. Talvez o mundo tivesse esperança, alguma salvação. Ainda era possível ser feliz, ainda era possível ser feliz pela felicidade dos outros.

Estava na rua já.

- Olha a cocada!

Não era uma má idéia.

- A cocada é 5.

Virou uma má idéia. 5? Uma cocada?

- É a melhor cocada de São Paulo!

Ele sabia que era. Ele acreditava naquilo e assim era. Ele realmente sabia.

Minha casa. Meu canto, meu quarto e minha cama.  Uma cocada de 5 pratas, que, não sei se era a melhor de São Paulo, mas valia.

A cocada, a felicidade instantânea e uma esperança fraca. Mas renovada. Todos valiam.

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