domingo, 28 de dezembro de 2014

House

Estou novamente assistindo House M.D.
Da primeira vez que vi a série, eu quis ser como Gregory House, sem tirar nem por nada. Eu queria sua arrogância, sua inteligência, seu humor ácido, o desequilíbrio emocional ressaltando suas altas manifestações de sociopatia; e principalmente sua perna manca, que aliás, vem acompanhada de doses cavalares de Vicodins.
Passou o tempo e eu adquiri algumas coisas. Humor ácido e seu desequilíbrio emocional confirmados. Inteligência não a seu nível, mas creio que consiga resolver alguns "puzzles" da minha área. Alguns dizem que desenvolvi uma arrogância que não existia em mim. Não sei.
O que me falta? Sociopatia e uma perna manca? Sou introvertido, isso não basta? Não. Ou melhor, não é só isso que falta. Me falta a indiferença, o sadismo, o prazer em desvendar mistérios. Me falta não ter sentimentos. Pelo menos não transbordando por toda parte. Nenhum seria melhor.
Meu sonho era ser essa casca de ser humano rancorosa, sociopata, vingativa e genial.
Era meu sonho. Até eu assistir novamente e perceber que eu não queria ser exatamente o House. Eu queria ser o oposto do Wilson.
James Wilson. O oncologista. O amável, bonzinho, sentimental e o único amigo do intragável House.
Percebi que tudo que eu gostava no House, era o que eu odiava em mim. Odiava no Wilson.
Quando eu vejo Wilson segurando a mão de seus pacientes terminais, sentindo suas dores na hora de dar a sentença no final. O fato de guardar todas as coisas ganhas somente para recordação. Sempre se importar com os outros, colocando muitas vezes o bem estar dos outros acima do seu.
Como eu te odeio James Wilson.
Você tem medo de manipular seus pacientes e familiares, mesmo tendo total controle sobre eles. Covarde, diria House.
Você é patético por se importar com tudo e com todos. Eu diria.
Eu queria ser House, pois estava cansado de ser Wilson.
Hoje, quando vejo cenas das conversas entre House e Wilson, me lembro de diversas conversas que tive com alguns amigos meus. Nenhum deles eram O House, mas alguns se aproximavam. Bastante. Consigo ver que os dois eram sozinhos, cada um de seu jeito.
Está na hora de me livrar desse fardo House e Wilson. Encontrar uma saída minha, de preferência mantendo as coisas boas do Wilson.

Enquanto eu termino isso, Adriana Calcanhotto canta "Esquadros" no meu rádio.

"Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado"

Que conveniente.

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