sábado, 20 de dezembro de 2014

Monique

Monique tinha vivido eternamente a mercê das vontades de seus namorados.
Tinha parado de beber, parado de fumar. Voltado a fumar. Parado de fumar e voltado a beber. Voltou a fumar e beber.
Suas fases dependiam de seus namorados, de seus amores, suas paixões, suas vidas eternas em quanto durasse.
Monique perdeu diversas vezes os amores de sua vida, chorou, morreu, bebeu, sorriu e encontrou outro amor. E repetiu o ciclo.
Ela era daquelas que faziam de tudo para deixar um homem feliz, até assistia futebol! Aliás, seu time do coração era o time do coração do homem do seu coração. Do momento.
Até que uma hora, Monique cansou disso tudo. Cansou de se perder em amores eternos que duram dois meses. Cansou de ter mais camisas de diversos times de futebol em seu armário do que sapatos. Ou até mesmo livros. Monique adorava ler. Mas só lia se seu amor necessitasse de alguém que lesse. Caso contrário, bebia. Ou fumava.
Mas Monique disse chega. Chega! Disse Monique. Mas após Monique dizer chega, ela conheceu Martinho.
Monique percebeu na hora que Martinho era tudo o que ela precisava, pelo menos por hora.
Os dois começaram a sair e Monique se dedicou pra fazer dar certo. Monique poderia ganhar o Nobel da Melhor Namorada. Mas Martinho não queria saber de namorar. Ele queria festa, bebida e curtição. E por consequência, era isso que Monique queria. Mas, Monique queria curtir a vida agora. Adeus Martinho, vou curtir.
Não entendendo nada, Martinho implorou sua volta, chorou e ajoelhou. Monique sentiu seu poder, mas por Martinho já não sentia mais nada.
Qualquer dia a gente se esbarra por aí.
Monique foi embora.
Martinho ficou.
Monique foi feliz descobrindo como realmente era. Gostava de beber, mas não de fumar. Odiava futebol. Amava ler. E o mais importante, não queria ninguém, queria apenas ela mesma, pelo menos naquele momento.
Martinho se tornou dependente de suas namoradas futuras, amando mais que tudo e vivendo eternamente a mercê das vontades delas.

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