domingo, 15 de junho de 2014

A Padoca

Foi engraçado. Estranho, mas engraçado.
O dono da padoca riu. Chamou sua neta e disse para trazer mais pães. Sempre que olhava pra mim, ele ria. Qual o problema?
Sim, eu estava com uma camiseta escrita "E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão, sabe que eu te encontrei". Sim, tinha um "hermano" estampado. Sim, eu estava com um jornal na mão.
Mas e daí? Será que ele conhecia a música? Ou será que ele achou tal coincidência engraçada?
Bom, engraçada de alguma forma foi. Para ele é claro.
Mas o que me assustou foi a sua neta, sim, sua neta.
Seu João da padoca, ou "O Portuga", tinha claros traços, digamos, fortes em sua aparência.
Mas ela não.
Ah. A neta d'O Portuga. Que bela. Tão delicada.
E eu ali. Com a camiseta de ontem e o sono de anteontem. Só precisava de um copo de café e um pão com manteiga, pois sabia que não seria capaz de reproduzir tais elementos em minha casa.
Talvez meu estado tenha influenciado na percepção daquela garota. Quem sabe. Ou talvez ela seja bela assim.
O que importa é que eu comi meu pão na chapa, tomei meu café. Cheguei em casa e dormi.
Até que os dias em claros passados tivessem se esquecido por completo.
Até que aquela situação tenha se confundido com meus sonhos.
Até que eu consiga levantar e fazer meu próprio café.

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