O dono da padoca riu. Chamou sua
neta e disse para trazer mais pães. Sempre que olhava pra mim, ele ria. Qual o
problema?
Sim, eu estava com uma camiseta
escrita "E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão, sabe que eu te
encontrei". Sim, tinha um "hermano" estampado. Sim, eu estava
com um jornal na mão.
Mas e daí? Será que ele conhecia
a música? Ou será que ele achou tal coincidência engraçada?
Bom, engraçada de alguma forma
foi. Para ele é claro.
Mas o que me assustou foi a sua
neta, sim, sua neta.
Seu João da padoca, ou "O
Portuga", tinha claros traços, digamos, fortes em sua aparência.
Mas ela não.
Ah. A neta d'O Portuga. Que bela.
Tão delicada.
E eu ali. Com a camiseta de ontem
e o sono de anteontem. Só precisava de um copo de café e um pão com manteiga,
pois sabia que não seria capaz de reproduzir tais elementos em minha casa.
Talvez meu estado tenha
influenciado na percepção daquela garota. Quem sabe. Ou talvez ela seja bela
assim.
O que importa é que eu comi meu
pão na chapa, tomei meu café. Cheguei em casa e dormi.
Até que os dias em claros
passados tivessem se esquecido por completo.
Até que aquela situação tenha se
confundido com meus sonhos.
Até que eu consiga levantar e
fazer meu próprio café.
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