quarta-feira, 18 de junho de 2014

Mais Um Dia

No meio.
Lá estava eu. O elevador estava vazio. Como sempre. Ninguém acorda cedo nessa droga de prédio?
Olho para o espelho. Estranhamente, estava sem sono, apesar de ser seis horas da manhã.
Não tinha do que reclamar do meu emprego, apenas de ter que acordar cedo, é claro.
Ser professor tinha seus altos e baixos. Baixos eram os salários. Bem baixos, aliás. Altos? Bom...
Não vamos falar disso agora. O elevador descia e eu me olhava no espelho. Quando eu tinha tirado minha barba?
Estava tão ocupado entre dormir, beber e lecionar que nem me recordava de ter tirado a barba.
Mais um toque do sinal. Pra qual sala irei agora? Estava no meio do pátio.
Meus livros de matemática estavam em minhas mãos. Crianças gritavam e adolescentes riam.
Precisava descobrir a sala seguinte urgentemente. Se eu demorasse muito, a sala iria virar uma selva.
Crianças selvagens. Nem doces para acalma-las.
O elevador subia. Dessa vez eu não estava sozinho. Lá estava ela. Que mulher incrível.
Era linda. O amor da minha vida. Entrei e apertei o número sete. Ela se virou e me abraçou.
Disse que estava com saudades. Que me amava. Bom, se é assim, retribui o seu amor.
Estava no meu quarto. Com sono. A cama me chamava, mas não queria me deitar. Tinha que levantar cedo amanhã.
Tinha que encarar essa minha rotina louca.
Me deitei.
O despertador apita.
Passo a mão em meu rosto e minha barba está lá.
Era tudo um sonho? Realmente fazia meses que não sonhava.
Talvez eu tenha perdido a capacidade de separar sonhos de realidade.
Perdi o amor da minha vida e dessa vez eu nem sei por quê. Mas tudo bem.
Pelo menos eu não era um professor de matemática. Isso foi um grande alívio.

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