terça-feira, 17 de junho de 2014

Eu Deixei Assim

E foi assim. Do nada.
Queria sair de casa. Estava enfurnado no meu quarto a dias. Precisa de ar.
Foi aí que decidi fazer algumas ligações. E que decisão eu tomei.
Veja, chega uma hora em sua vida em que você percebe que todos os seus amigos estão casados ou namorando.
Menos você. Você é um bosta. Mas tudo bem, encontrei quatro bostas que nem eu para dar uma andada por aí.
Nos encontramos no metrô, ponto fixo para nossos encontros.
Todos nós chegamos atrasados, é claro. Não por que o ônibus atrasou ou a hora foi perdida.
Sabíamos que um de nós chegaria atrasado, então, pra que ficar esperando?
Ninguém gosta de esperar. Bom, o importante é que estávamos todos lá. Todos os cinco.
Não tínhamos nem ideia para onde iríamos, ou seja, começamos a discutir ali mesmo, no metrô.
Chegamos a conclusão que éramos muito velhos para virar a noite na Augusta e que nosso bolsos estavam muito vazios para algum lugar chique.
Foi aí que surgiu o lugar. Uma lanchonete de bairro, perto da casa do Teo.
Era nova e tinha uma decoração anos 80 'american style'. Era o melhor que tínhamos.
Era o melhor que podíamos pagar. E ainda iríamos ganhar lembranças de uma década de ouro.
Ao chegarmos lá, fiquei perplexo. Olhei para dentro da lanchonete e vi uma garota sorrindo. Ela era perfeita.
Quando entramos, escolhemos uma mesa e nos sentamos.
Quando percebi, a garota estava do lado de nossa mesa segurando o cardápio. 'O que vão beber garotos?'
Admito. Não consegui falar. Soltei, na verdade, uns grunhidos, que meu amigo, generosamente, traduziu para '5 cervejas, por favor'.
Ela deve ter me achado um babaca. Ou um retardado. Normal.
As cervejas chegaram em um balde. Trincando. Ela trouxe-as sorrindo. Sempre sorrindo.
Eu tentei agradecer, mas as palavras não saíram. Então eu bebi.
Bebi a noite toda. Eu ri como nunca tinha rido antes. Eu chorava. E toda vez que eu olhava, ela estava lá.
Sorrindo. Tentei falar com ela umas três vezes em quanto estava lá.
Mas só consegui pedir mais cerveja, que já foi um avanço. Na última pedi a conta.
Quando ela chegou, eu olhei em seus olhos. Tinha os olhos castanhos bem claros.
Seus cabelos eram castanhos avermelhados. Seu rosto pálido e cheio de sardas.
Seu sorriso. Ao ver a combinação de tudo, a perfeição de uma vida, um anjo na Terra... Eu só consegui dizer 'Débito'.
Pagamos a conta. Ela dizia 'Volte sempre!' com um sorriso no rosto. 
Fui pra minha casa e nunca mais voltei lá.

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